terça-feira, junho 28, 2005

Mamãe mafiosa




Descobri que faço parte de uma máfia. A máfia dos blogs de grávida.

A notícia me chegou por meio de algumas matérias da internet. Parece que a comunidade de grávidas blogueiras tem um ibope especial, mantido pelas futuras mamães, as mães de primeira viagem e as tias loucas para serem mães. Fato é que os blogs criaram até uma linguagem própria com termos técnicos e expressões que até ficarem grávidas, as mulherzinhas modernas sequer sabiam que existiam.

A verdade é que, para mim, os blogs de grávida têm duas funções importantíssimas. A primeira, pessoal, é funcionar como uma espécie de diário de viagem. Fico empolgada sempre que penso que eu, o Miguel, ou qualquer outra pessoa vai poder saber exatamente como eu me sentia nesta época. As descobertas, as novidades, os medos. E a segunda, ainda mais importante, é não me sentir sozinha nesse mundo novo e desconhecido. Sim, os blogs no final, viram guias de viagem. E ajudam muito. Descobri, por exemplo, que essa história da minha barriga travar e doer – o que estava me enlouquecendo, admito – não é nenhum grande problema. Normal, pra variar. E pude respirar aliviada. Consulta médica free.

(Ah, foi da máfia também que tirei o contador de semanas da gravidez. Meio atrasado, eu sei. Mas não é fofo?)

terça-feira, junho 21, 2005

Super size me




Anos-luz antes de casar e engravidar, eu já tinha uma preocupação com criar filho. Era garantir que ele não crescesse comendo coisas trashes. Eu, enquanto mulherzinha que não toma refrigerante há quase 12 anos, acho um absurdo aquelas mães que dão coca-cola para os filhos ainda na mamadeira, sabe como é? Ou aquele povo que leva o bebê para o Mc Donald´s e o menino cresce chupando batinha frita, sem saber direito o que é uma fruta de verdade...

Bom, isso já foi motivo de brigas sérias na minha família. Minha mãe, viciada em coca-cola, sempre me aterrorizou dizendo que daria sim refri para os netos. Bastaria eu virar as costas. As críticas sempre foram de que eu queria criar um filho isolado do mundo, que nunca conseguirei manter meu filho distante dessas coisas, que coca-cola e Mc Donald´s todo final de semana fazem parte da infância neste mundo moderno. Eu já enlouquecia antes mesmo de assitir Super Size Me. Aí, vi o filme ontem.

Fiquei sem dormir. Gente, sinceramente, não sei o que fazer. Bateu um puta desespero. Como é que eu vou manter Miguel longe desse mundo trash?! Nenhum aniversário de criança hoje tem outra bebida além de refrigerante. Todos os meninos do mundo colecionam a droga dos brinquedinhos de brinde do Mc Donald´s. A minha família inteira diz que acha tudo isso uma grande frescura e que vai dar ao Miguel tudo o que ele quiser – bom, o que ELES quiserem, né? Porque um menino de um ano, por exemplo, não vai saber pedir coca-cola, concordam? Então, o que fazer? Mudar para o Pólo Norte?

Estou em franco processo de discussão sobre o assunto. Quero acreditar que os bons hábitos adquiridos na minha casa farão com que meu filho mantenha o mínimo de educação alimentar. Que mesmo com toda essa influência negativa do mundo aí fora, ele vai aprender comer direito. Afinal, a “esperança tem de vencer o medo”, né não?

P.S. A propósito, André, teu post (www.joselitando.blogspot.com) sobre esse assunto foi animador! Eco aos meus pensamentos.

segunda-feira, junho 20, 2005

Ora Pílulas (uma homenagem à Fé que abandonou o blog)




Adorei as coleções primavera-verão 2006 do Fashion Rio. Muito algodão, cores do cru ao marrom, calças soltinhas, batas. Figurino ideal para uma pós-grávida-mãe-estreante. Graças a Deus!!

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Tudo bem que a gente sempre soube que esse é um país em onde há corrupção. Mas dá para amenizar com tanto mensalão, esquema e propinas?? Pô, assim Miguel já vai nascer achando que fez um péssimo negócio...

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Já escolhi a cor e o tema do quarto do Miguel: azul do céu com balões e aviões. Considerando que estou na 27ª semana e ainda não comprei uma única coisinha para ele, já foi um grande passo ter escolhido o tema da decoração. Quem quiser comprar lembrancinhas, é só pensar no modelo e ficar à vontade... Afinal, enquanto Arcanjo, Miguel merece o céu, né não?

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Falando em 27ª semana, acabei de alcançar os 2/3 da gravidez. E, pelo visto, cheguei na fase mais difícil. Já estou grávida há tempo suficiente para estar morta de ansiedade e expectativa, louca para ver logo meu bebê. Além disso, estou gorda, desajeitada e cansada, com um barrigão. Só que, apesar disso tudo, ainda faltam TRÊS MESES!! Praticamente uma vida!!

quinta-feira, junho 16, 2005

100% ação!




Bom, vcs vinham acompanhando a minha ansiedade para ver o Miguel mexer. Antes, quando ele era apenas uma vibração na minha barriga, eu rezava para chegar logo a hora de eu comemorar um chutezinho. Isso já aconteceu, graças a Deus. E os momentos em que ele mexe sempre são os melhores do meu dia. E impossível explicar o que eu sinto quando a agitação começa.

Primeiro, é aquela sensação meio alien mesmo, de que tem alguma coisa viva, grande e forte, na tua barriga. Dá para imaginar, movimentos que não fazem parte de vc acontecendo no seu corpo? É muito estranho, assustador. Mas, fascinante.

E, ao mesmo tempo, é absolutamente comovente. Como Miguel já está grandinho – estimamos que ele já tenha chegado a um quilo – já dá para perceber que os movimentos vêm de um corpinho de verdade. Em algumas posições, fica ainda mais fácil enxergar isso. E eu fico até com frio na barriga. Louca para carregar ele no colo e encher de beijo.

E é ainda mais legal perceber que ele reage a estímulos. No cinema, ele não para quieto. Acho que se diverte. Nos discursos dos deputados-malas, ele vira e revira (aí, acho que já é protesto). Quando converso com ele, ele sempre interage, fico encarando cada ação como uma resposta... É muito lindo. Ontem mesmo, nas cenas de luta mais badaladas de Kill Bill, ele não parava quieto! E de madrugada, acordei às 3h para beber água, e o rapaz, já jurando que era de manhã cedo, começou a brincar...

Quem quiser fazer o teste, é só passar uma meia hora ao meu lado. Com a genética que, sem nenhuma dúvida ele puxou do pai, esse é o tempo máximo que o mocinho consegue ficar parado... (é, nem chazinho de maracujá resolve, tô ferrada).

O sono dos justos



Estou começando a desconfiar que existe um complô mundial para aterrorizar pais e mães de primeira viagem.

Vocês já repararam que todas as piadas, episódios engraçados de sitcons, cenas de novelas, contos de terror, são sempre com situações beirando o ridículo de pais com filhos recém-nascidos?? Vamos aos exemplos. A Sony está reprisando Mad About You (para quem não lembra aquele seriado com Helen Hunt e o Paul Rieser, falando sobre a vida de casados) exatamente no momento em que a filhinha deles, Mabel, nasce. E quais são os temas dos episódios? O drama da troca de fraldas, a ajuda (ou não-ajuda) das mães e sogras e o inevitável dilema sobre o que fazer para o bebê dormir. Bom, esse aí é o terrorismo mais clichê da situação. Quem não lembra de alguma cena, trecho de filme, episódio ou propaganda engraçada com um pai desesperado tentando fazer o bebê dormir?

E eu, que sempre ri das piadinhas como se elas fossem a coisa mais distante e irreal do mundo, começo a ficar inquieta. Uma pontinha de nervoso, admito. E se isso for mesmo “cenas da vida real??”

domingo, junho 12, 2005

12 de junho



Andei uns dias nocauteada.

Não, não foram os murros e pontapés do meu baby – apesar deles serem bem fortinhos! Foi uma crise de estômago básica. Mas já pesquisei na medicina “gestacional”. Esses probleminhas – dor de estômago, má digestão, azia, enjôos – serão comuns a partir de agora. A explicação não está nos livros. Mas para mim parece bastante óbvia: Miguel e meu estômago não cabem mais no mesmo espaço físico (minha barriga de ex-magra). E como a prioridade é toda do lindinho de quem vou ser mãe, dançamos eu e o estômago.

Tudo bem, supero isso fácil. E com ajuda de chazinhos, comida light e em pouca quantidade. Espero.


Ah, para não esquecer...

Tenho um livrinho onde escrevo
Quando me esqueço de ti
É um livro de capa preta
Onde inda nada escrevi...


(das quadras populares de Fernando Pessoa, do livro que acabei de ganhar do meu marido lindo...)

FELIZ DIA DOS NAMORADOS A TODOS!!

quarta-feira, junho 08, 2005

Para quem não acreditava




Deus ajuda a quem cedo madruga. Ou, quem espera sempre alcança. Ou, qualquer um desses proverbiozinhos tradicionais para dizer que com determinação, vc consegue o que quer.

Ontem tive uma prova de que, não desistindo, minha vida cultural/social melhora. Fui a Expotchê (ok, eu sei que não é nenhum programão. Mas eu adoro, então, nem vou discutir). Passeiozinho básico, mas que animou minha noite de terça, absolutamente perdida. E qual não foi minha surpresa quando a minha noite ainda rendeu um cineminha!!

Claro que foi tudo um grande imprevisto. Chegamos em casa da Expotchê e estávamos sem luz. Tivemos de ir ao caixa eletrônico, que tava fechado, acabamos no shopping... e acabou que tinha uma sessão de Casa de Areia começando exatamente naquele momento. Entramos num rompante e... ótimo. Filme muito legal, pipoquinha, chocolate... Cheguei em casa depois da meia-noite (ôôôô....) super cansada, mas super feliz. Ainda tenho salvação.

Viiuuuuuu???????????????????????????

DEZ QUILOS??




Ontem fui ao médico. Miguel está ótimo, eu estou ótima, tudo lindo e maravilhoso, graças a Deus. Até relaxei com o fato de já ter engordado 10 quilos.

Pára tudo.

Isso, eu engordei 10 quilos e mal cheguei ao sexto mês de gravidez. Vcs têm noção do terror e pânico que é isso?? Para mim, já tinha virado uma grávida obesa, precisando de dieta, e meu filho correndo risco de vida!!

Com um pouco menos de drama, eu só consigo pensar em como será perder todos esses quilos depois do nascimento no Miguel... Será que vou conseguir? Minha médica garante que sim. Diz que eu estava muito magra antes da gravidez, que precisei engordar por mim e pelo Miguel, que é um bebê beem grandinho. Mesmo assim, ando sem dormir. Até porque hoje todo mundo me oferece guloseimas deliciosas o tempo todo porque, afinal, sou uma grávida. E depois?

Acho que vou deixar a poupança-silicone para lá e começar uma poupança-lipoaspiração...

domingo, junho 05, 2005

Pulando fogueiras sem desistir



Nosso grande mestre Paulo Coelho já dizia: quando vc está prestes a conseguir uma coisa, os obstáculos do caminho se multiplicam para testar de vez a sua resistência e obstinação (não sei se essas são as palavras exatas, mas vale pela idéia). É exatamente assim que estou me sentindo com a missão de retomar minha vida social. Está parecendo uma teoria da conspiração para me convencer a ficar em casa de uma vez!

Esse fim de semana, fui a mais uma festa junina. Dessa vez, uma de verdade, em que Dominguinhos iria tocar e eu poderia dançar muito forró (bom, o tanto que a barriga proeminente permitisse, claro). Apesar de ter tido um sábado cheio de afazeres, consegui disposição, animação e concordância de marido para irmos a um aniversário de criança e, de lá, emendar na tal festa. Maravilha!

Venci os primeiros obstáculos sendo absolutamente zen. Mesmo com apenas uma calça jeans e uma blusa de frio cabíveis e usáveis, encontrei um casaco de couro que ainda servia e caprichei na maquiagem. Encarei a festa de criança, convenci uma galera e lá fomos nós. Antes das 22h – para achar lugar fácil para estacionar, blá-blá-blá –, ingresso pela metade do preço e... a primeira decepção. Eram apenas quatro barraquinhas de comida!!! Fala sério!! Como uma festa junina não tem barracas e mais barracas de comidas típicas??

Óbvio que com essa variedade de produtos, as filas estavam descomunais. Tive de dar carteirada – ou melhor, barrigada – em todos os lugares, para conseguirmos comprar quentão fraco e cachorro-quente sem molho. Mas, tudo bem, Dominguinhos iria salvar a noite...

Frio de rachar, quadra de esporte relativamente vazia e nada acontecia. Quase meia-noite, uma movimentação. Quadrilha!! Oba, alguma coisa para animar. Nada. Alarme falso. Quadrilha só depois dos shows. Apesar de já ter encontrado um bando de gente e até estar fazendo uma socialzinha, tivemos de esperar até 1h da manhã para ver o primeiro show. Cordel de Fogo Encantado. Olha, sem comentários. Os caras podem até ser bons, não vou discutir. Mas no maior frio, de madrugada, com fome, sem bebida para animar, agüentar aquele batuque pernambucano foi um saco. Por quase uma hora tive esperança de que a coisa ia engrenar. Mas a única coisa que vimos foi o povo ir embora. Sem nem olhar para trás.

Às duas, fomos embora. Sem Dominguinhos, sem pinga com mel, sem maçã do amor, sem chocolate quente (eles iam fazer, já ia sair, desde às 23h), sem paciência... e pior, sem o show do Cordel acabar. Ninguém merece.

Mas fim de semana que vem tem mais. Não vou desistir.

Tire o seu piercing do caminho que eu quero passar....




Tirei meu piercing. O do umbigo. Precisei tira-lo para fazer a ecografia e decidi não coloca-lo de volta. Não estava incomodando nem nada, mas, enfim, vamos dar um tempo.

Claro que, sem ele, estou com um pedacinho do coração partido. Furei o umbigo na véspera do meu aniversário de 30 anos, como uma daquelas coisas que precisamos fazer antes de virar balzaca. Durante a gravidez, ele ficou lá, enfeitando as novas formas da minha barriga. Como diz uma das minhas primas, ele serviu de móbile para o Miguel brincar e ir acostumando com o brilho das estrelas – sim, era um piercing de estrelinha...

Agora, tenho três furos enormes na barriga e nem dá para distinguir direito qual deles é (ou era) o meu umbigo. Fazer o que. Só espero coloca-lo de volta o mais breve possível: assim que tirar a cinta pós-parto!

quinta-feira, junho 02, 2005

Eu vi meu bebê coçando o olho!!




Ah, eu sei. Esse post vai ser total mãe-babona, mas deixem, ta? Afinal, esse é o meu primeiro filho. E eu tenho mais é de babar mesmo!!!

Fui fazer mais eco hoje pela manhã. Eu estava super nervosa. Porque era um exame para tirar mil medidas e descobrir se está realmente tudo bem com o Miguel. Sim, Graças a Deus, está tudo ótimo com ele. Formação de órgãos normal, coraçãozinho batendo a mil, ossos todos fortes e no lugar. Perfeito e lindo. Então, pude relaxar e apenas ficar corujando meu filhote.

De cara logo, ele começou o exame coçando o olho. Gente, dá para imaginar o que é olhar uma telinha de computador e o bebê estar ali, na maior folga do mundo, coçando o olho com aquela pose de “pô, querem parar de incomodar que estou com sono??”. Eu já fiquei louca!! Depois disso, deu para ver todo o rostinho dele – com o maior bochechão – ficando gordinho. E as pernas cruzadas, mãozinha abrindo e fechando, maior atividade. Impressionante.

O melhor é que tudo isso foi numa eco normal. A gente nem fez uma tridimensional ainda. E o médico contou que, na 4D, dá para ver o moleque piscando o olho, abrindo a boca, sorrindo. Óbvio que eu pirei e já vou fazer uma. Mês que vem. Aguardem notícias.

Setor de grávidas



Ok, casamento passou, enjôo passou, vida voltou ao normal. E eu voltei a ter vontade de sair. Já bem menos modesta do que antes, uma vez que me conformei com as minhas limitações físicas – minha barriga e minha falta de equilíbrio impedem contatos humanos muito próximos. Traduzindo: não posso encarar muvucas, pistas de danças badaladas, terrenos acidentados, shows de grande porte. Então, estou tentando sair para lugares lights.

Mesmo assim, ainda tentei encarar uma festinha. Mansão Ferrugem, rock and roll, gente alternativa. A minha cara. Quer dizer, a minha cara antiga. Odiei tudo. Uma pirralhada (ai, meu deus, gente com 25 anos agora é pirralho??), uma festa vazia, um povo alternativo demais. Levei 30 minutos para me convencer de que tinha sido produção, viagem e dinheiro perdidos. A festa tava uma droga. E o meu processo de tolerância pior ainda.

Fui então assistir o Episódio final de Guerra nas Estrelas. Ótimo! Mas numa sessão às duas da tarde. Na platéia, eu, outra grávida e a minha obstetra. Tsc, tsc, tsc. Mais família impossível. No dia seguinte, fui a uma festa junina de igreja. Comidinha boa, esquema gente do bem. E mais uma vez estávamos eu e umas outras cinco grávidas. Em um momento, sentada nas mesinhas (sim, enquanto grávida, não dá para ficar em pé o tempo inteiro, né?), me dei conta. Ao meu redor, outras três futuras mamães como eu. Era um tal de “amor, traz uma maçã do amor?”, “amor, traz canjica!”, “amor, ainda tem churrasquinho?”... Ao mesmo tempo que me total adaptada, alguma coisa dentro de mim estava fora do lugar.

Ok, era onde eu deveria estar mesmo, entre iguais. Mas será que eu não vou ter mais salvação? De baladas homéricas e moderninhas, no subsolo do Conic, minha vida social agora vai se resumir à festa junina animada pela banda Jesus 40, ao lado de mais um bando de mães????????

Estou em momento de reflexão profunda. Me salvem.

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