Bom, prometi os pormenores, aqui vão eles:
Eu queria que o parto do Miguel fosse normal. Beleza. Esperava ansiosamente pela hora “de Deus” para ele nascer. Daí tive de fazer um ultrassom de rotina e lá descobrimos que eu estava com pouco líquido amniótico. Deixando de lado a parte técnica, o exame foi mais ou menos assim:
Médica: “É, Miguel está ótimo, sangue circulando direito, mas vc está com pouco líquido”
Eu: “Ah-han. Quer dizer que ele vai nascer logo?”
Médica: “É... Crescimento dele ta normal, tamanho bom, órgãos vitais funcionando bem... mas vc está com pouco líquido, está vendo alí?”
Eu: “Ah-han. Que bom, quer dizer que ele vai nascer logo”
Médico: “Paola, acho que vc não está entendendo. Talvez precisaremos fazer uma conduta ainda hoje”
Eu: “Conduta? Que conduta?”
Médica: “Vamos fazer o seguinte: Miguel ta bem, a gente faz a cesárea amanhã. Oito horas no hospital ta bom para vc?”
Eu: “O QUÊ?!????!!!!!!!?!!?!!?!”Gente, vcs não têm idéia do que eu passei. Foi uma mistura de alívio por saber exatamente que dia meu bebê iria chegar e um verdadeiro pânico de cirurgia. Eu, que nunca levei um ponto na vida, que só conhecia anestesia de dentista, ir para um hospital, abrir a barriga e tudo mais?! Eu tinha certeza de que não sobreviveria.
Bom, sobrevivi, né? Na verdade foi tudo rápido, simples e tranqüilo. Cheguei às 7h10 no hospital e às 7h40, mal tinha terminado de preencher a ficha, já estava de camisolinha, sendo levada para o centro cirúrgico. Quando comecei a perceber que estava numa maca, cercada de mil aparelhagens que só conhecia por E.R., Scrubs e Grey´s Anatomy, comecei a entrar em pânico. Mas aí chegaram médicos, anestesistas, enfermeiros e meia hora depois, o meu lindinho vinha ao mundo. E vamos combinar, ver aquele serzinho todo sujo, ao meu lado, acompanhado do Cris com o maior sorriso... foi impagável e me deixa com lágrimas nos olhos até agora.
O resto vcs já sabem. Miguel nasceu lindo e saudável. Só queria registrar mais duas coisas.
Primeira: balela essa história de marido te acompanhar na cirurgia. Marido acompanha nascimento de filho. Eu lá, jurando que teria a mão do meu lindo para segurar nos momentos de maior tensão, fiquei completamente abandonada! Marido só queria saber do Miguel. Tudo bem que foi graças à filmagem dele que eu consegui ver a medição, pesagem, banho, choro, corte de umbigo... Mas que deu uma carênciazinha lá na sala de cirurgia, deu.
Segunda coisa: ninguém merece equipe médica tranqüila em sala de cirurgia. Eu lá, barriga aberta, tremendo que nem uma louca por conta da anestesia (e do medão também), e as duas obstetras, junto com a enfermeira, na maior conversa de comadre. Era um tal de reforma de cozinha para lá, encontro com a vizinha da tia de fulano para lá... De quebra, todas na sala estavam grávidas. Pelo menos isso rendeu ao Miguel um encontro futuro, com a Mariana, que chega ao mundo em fevereiro...
É isso. Mais tarde conto o drama do primeiro banho e o desespero da primeira cólica.