Padecer no paraíso
Não sei se vcs já assistiram um episódio de Desperate Housewives, em que uma das protagonistas está exausta por conta dos filhos gêmeos (capetíssimos) que tem em casa. Acabada, ela entrega os pontos e admite às amigas que não está dando conta. Solidárias, as amigas – mães experientes – entendem perfeitamente a situação e ensinam a ela um segredinho: dar um calmante inofensivo para os guris, para fazê-los diminuir o ritmo e ela poder acompanhá-los. Bom, o resultado é tão positivo que ela, a mãe, acaba viciada no tal remedinho que lhe salvou a vida.
Por que estou contando essa história? Porque passei a vida toda jurando que criaria filho sem nenhuma dessas muletas (chupetas, calmantes naturais, berço no quarto, menino dormindo na nossa cama e por aí vai). Eu, que seria a mãe perfeita, faria tudo do jeito mais correto e natural possível. Com conversa, disciplina, exemplos... enfim, conto da carochinha.
Com um bebê de menos de 20 dias em casa já percebi que as coisas simplesmente não são tão controláveis assim. Aliás, controle definitivamente não existe nessa situação. Como controlar as vontades e horários de um serzinho que mal enxerga o que está acontecendo à sua volta? Estou morta de cansada, sem dormir há duas semanas, meio perdida, sem saber nem mesmo como organizar as tarefas de uma manhã... Não é lenda, quando mães contam que chegam ao fim do dia sem ter conseguido sequer pentear o cabelo, é a mais pura verdade.
Daí, como não apelar para todas as muletas? Uma chupetinha para tentar acalmá-lo durante a madrugada – depois de cinco noites em claro – e toda a casa poder dormir umas poucas horinhas. Deitá-lo na cama, ao seu lado, já que tudo que ele quer é colo e o vc está com tanto sono que começa a ter medo de dormir com ele nos braços. Amamentar antes mesmo de colocar a fralda, só porque não agüenta mais ouvir aquele chorinho sentido de cortar o coração. Dar banho em apenas uma posição – ainda que não seja a mais fácil e prática – simplesmente porque ele adora e até brinca com a espuminha da água.
Então, deixo aqui minha solidariedade (e até um pedido de desculpas) a todas as mães que apelaram para alguma “ajuda externa”. A missão, ainda que doce, é muito mais difícil do que eu, solteira e arrogante, imaginava...
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