E a vida profissional, cadê?
Isso vai ser uma pequena crise profissional...
Crise? Não, talvez o termo seja forte demais. Está mais para uma análise e reavaliação profissional.
No meio do ano passado, fiz uma mudança radical. Larguei redação de jornal, convicta de que aquela vida estava me matando. Fui para uma assessoria, bom salário, esquema de trabalho beirando o perfeito. Mas aí, num desses acidentes de percursos inevitáveis na vida, o ano não terminou com as coisas tão bem na profissão. Ao mesmo tempo em que eu começava 2005 completamente apaixonada e de casamento marcado, o lado profissional dava uma retrocedida significativa. E bem quando eu tentava resolver isso, cortando laços e renovando tudo mais uma vez, descobri que estava grávida.
Admito, não sem um pouco de embaraço, que a notícia foi um choque. Ao mesmo temo em que eu estava muito feliz por estar construindo uma família – coisa pela qual esperei a vida inteira – senti um baque por ter de encarar a estagnação profissional sem me mexer. Foi difícil. Até agora não sei o peso que tudo isso vai ter na minha, digamos, carreira. No dia-a-dia, não fico pensando nisso. Miguel crescendo (e pulando) na minha barriga é motivo suficiente para eu me importar com mais nada. Na maioria das vezes.
Mas às vezes, o bichinho jornalista, a Paola independente-profissional-jurando-ser-bem-sucedida acorda. E me deixa um pouco incomodada. Sei que estou num momento lindo, super pessoal, só meu e do meu marido maravilhoso. Mas o que será daqui a algum tempo? Daqui a dois, três anos? Como vai ser o meu “retorno” profissional? Eu vou mesmo querer voltar? Eu vou querer voltar e vou conseguir? Ou eu vou querer voltar e não vou ter mais chance nem espaço? E vou ter de me conformar com uma vidinha marromenos de assessora? Ou vou estar tão envolvida com a vida de mãe-esposa-família-feliz que não vou querer ouvir falar em “profissional dedicada”?
Essas dúvidas me deixam um pouco apreensiva. Não gosto de lidar com o desconhecido. Fico ansiosa.
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