domingo, maio 22, 2005

Levanta para cair de novo!




Estou me sentindo uma fruta madura. Ou um João Bobo. Ou sei lá que outra coisa vive caindo pelo chão. Um bêbado, talvez. Em menos de um mês, já levei dois tombões. Um em pleno Setor Comercial Sul. Que me rendeu vários machucados, uma sandália quebrada e um susto sem tamanho. O outro, no meio do salão de uma festa de 60 anos, valeu o mico do ano.

Estou contando isso mais para desabafar. Óbvio que as duas quedas foram resultado da mudança de equilíbrio do meu corpo, aliada à minha insistência em usar salto alto e, claro, a chão com problemas. Mesmo assim, abalaram toda a minha auto-suficiência. Quando vc engravida, vc deixa de ter vontade própria. Isso é lindo quando falamos de maternidade, de dar a vida pelo filho, blá-blá-blá. Mas, na prática, é super complicado.

Na minha festa de casamento, todo mundo me controlou. Primeiro era o sapato alto, depois a quantidade de champanhe, depois o fato de eu estar me acabando (ou tentando, pelo menos) na pista de dança. Noa dia-a-dia, todo mundo fala das sandálias de salto, de carregar alguma coisa, de correr, de dançar, de ir para night, do que quer que seja. Claro que eu sei que isso é tão-somente preocupação comigo e com Miguel. Que tudo isso é porque as pessoas querem o melhor para nós dois. Não estou reclamando. É apenas uma constatação de como ficou impossível levar a vida do jeito que era antes. E, para uma mulher-pseudo-independente-moderna-auto-suficiente como eu, a mudança não é simples de assimilar.

Então, num misto de conformismo e mea culpa, de cuidado de mãe e resignação com meu novo estado, declaro publicamente que “ok, não vou mais usar salto alto. Não vou mais insistir em enfrentar pistas de dança. Não vou mais discutir quando alguém quiser me ajudar”. Prometo.

O drama da aliança



Bom, eu estou engordando, isso é fato. Ainda que todos me digam que estou ótima, magra e tudo mais, tenho, pelo menos, sete quilos a mais no meu ex-corpinho de trintona enxuta. E nem estou aqui mais para falar das roupas – o assunto é tão deprimente que nem eu tenho saco para discuti-lo mais. Mas de um novo problema: a aliança.

Pois é, quando eu ganhei minha aliança linda, modernosa, super brilhante, ela cabia com folga nos meus magros dedinhos. Hoje, ela não entra nem sai e ainda amassa um pouco carninha. O que, óbvio, me dá MUITA agonia.

Fiz uma consulta básica a mammy e ela me disse que nunca se preocupou com aliança, que nunca tirou a dela, que nem esquentava com o fato de ela estar presa efetivamente no dedo. Mas eu não consigo. Fico com “claustrofobia de aliança”, só de pensar que ela não sai mais. Estou fazendo uma extensa pesquisa de como lidar com a situação. Li em um livro (sim, há literatura sobre o assunto!!) que vc pode colocá-la em uma correntinha no pescoço, durante a gravidez. Estou pensando no assunto, mas morro de medo de perdê-la. Experimentei trocar de dedo, mas ela não cabe em mais nenhum. Não sei. Alguém tem sugestão??

terça-feira, maio 03, 2005

Traumas psicológicos



Meus enjôos passaram. Salvo raríssimas exceções – quando fico muito tempo sem comer ou quando ando muito de carro -, eles praticamente não aparecem. Uma única coisa, no entanto, faz com que todo o mal estar volte em segundos. Sentem-se, amigas, porque o caso é grave. Eu agora enjôo com... roupas. É, isso mesmo. A pessoas mais apaixonada do mundo por roupa, moda, estilo e tendências, hoje mal pode abrir uma revista Elle que tudo começa a ficar meio amargo.

Acho que foi algum tipo de trauma. Causado pelo fato de que tive de esquecer todo o meu guarda-roupa por causa das novas medidas. Ou talvez por todo o estresse que passei no começo, sem conseguir uma única peça de roupa decente para vestir. Não sei. Talvez Freud explique. Fato é que enjôo se ficar muito tempo na frente do meu guarda-roupa. Enjôo quando demoro mais que 10 minutos numa loja de departamento. Enjôo olhando com atenção a editoriais de moda. Caramba!!!

E essa nova coleção outono-inverno então, ta de matar. Aquele tanto de pano, cachecol, tricôs, gorros, botas com peles... ai!!! Náusea certa. E estou chegando num ponto que olhar por muito tempo o novo guarda-roupa de tweed das apresentadoras globais me deixa tonta.

Agora me diz DÁ PARA ACREDITAR????

Dia-a-dia de uma grávida II (para quem acha que tudo está perdido):

- Apesar de algumas caras feias, filas enormes deixaram de existir na minha vida.

- Todo mundo anda mais simpático comigo. Aquele papo de “testemunhas do milagre da vida”.

- Vc ganha mil afagos (na barriga, claro) de todo mundo que conhece – e mesmo de quem conhece pouco.

- Vc não precisa mais carregar peso, ajudar na cozinha ou fazer esforço. Alguém sempre se oferece para fazer no seu lugar “por causa do bebê”.

- Barriga de fora vira motivo de orgulho. Mesmo para quem abandonou essa prática há anos.

- Dá para passear no shopping, estourar o cartão de crédito, e ninguém vai te achar uma consumista. Afinal, é tudo pro bebê...

- Não estamos mais sozinhas.

Dia-a-dia de uma grávida (histórias reais para quem acha que tudo são flores):

- Não dá mais colocar sapato de fivela. Simplesmente não dá para enxergar/alcançar os furinhos.

- Depilação??? Só se for em frente ao espelho, com tendências acrobatas.

- Descobri que dá para viver com apenas UMA calça jeans. Simplesmente inacreditável.

- Dormir de lado é a única solução. Só que vem acompanhado de câimbras.

- Ainda tenho um piercing no umbigo. Mas já olho para ele com saudade.

- Dançar coladinho? Nem pensar. Há sempre 15 cm de distância, garantidos.

- Beleza, vc passa para as filas preferenciais. E aí, é obrigada a ouvir do guardinha, de cara feia, “o que é que vc tem mesmo?”

Fim da dúvida cruel...




Estou tão louca para sentir Miguel mexer que estou com medo de ter alucinações...

Todo mundo (médico, livros e outras grávidas) me diz que a essa altura (20 semanas) já dá para sentir o bebê mexer. Ouvi mil descrições: parece um peixinho, parece um et, é um movimento estranho dentro da tua barriga... E fico aqui, super super atenta a qualquer movimento diferente... Mas sabe como é, né? Barriga é um segmento do nosso corpo que tem vida própria. E barulhos e movimentações são uma constante. Daí, fico morrendo de medo de confundir a festinha do meu bebê com uma mera digestão...

Mas acho que ontem, ele resolveu ajudar a mãe e definir, afinal, o que é espaço dele. Caramba, como esse bebê mexeu!! Eu só sentia os vupts-vapts-chuás, numa intensidade tão grande que era praticamente impossível confundir... E eu, que tava no maior mau humor do mundo (leiam o outro blog para entender porque) dei praticamente o meu primeiro sorriso do dia.

Eu, mais uma vez, descobrindo o prazer de ser mãe.

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