Levanta para cair de novo!
Estou me sentindo uma fruta madura. Ou um João Bobo. Ou sei lá que outra coisa vive caindo pelo chão. Um bêbado, talvez. Em menos de um mês, já levei dois tombões. Um em pleno Setor Comercial Sul. Que me rendeu vários machucados, uma sandália quebrada e um susto sem tamanho. O outro, no meio do salão de uma festa de 60 anos, valeu o mico do ano.
Estou contando isso mais para desabafar. Óbvio que as duas quedas foram resultado da mudança de equilíbrio do meu corpo, aliada à minha insistência em usar salto alto e, claro, a chão com problemas. Mesmo assim, abalaram toda a minha auto-suficiência. Quando vc engravida, vc deixa de ter vontade própria. Isso é lindo quando falamos de maternidade, de dar a vida pelo filho, blá-blá-blá. Mas, na prática, é super complicado.
Na minha festa de casamento, todo mundo me controlou. Primeiro era o sapato alto, depois a quantidade de champanhe, depois o fato de eu estar me acabando (ou tentando, pelo menos) na pista de dança. Noa dia-a-dia, todo mundo fala das sandálias de salto, de carregar alguma coisa, de correr, de dançar, de ir para night, do que quer que seja. Claro que eu sei que isso é tão-somente preocupação comigo e com Miguel. Que tudo isso é porque as pessoas querem o melhor para nós dois. Não estou reclamando. É apenas uma constatação de como ficou impossível levar a vida do jeito que era antes. E, para uma mulher-pseudo-independente-moderna-auto-suficiente como eu, a mudança não é simples de assimilar.
Então, num misto de conformismo e mea culpa, de cuidado de mãe e resignação com meu novo estado, declaro publicamente que “ok, não vou mais usar salto alto. Não vou mais insistir em enfrentar pistas de dança. Não vou mais discutir quando alguém quiser me ajudar”. Prometo.