Um dia qualquer
Sabe aqueles dias em tudo amanhece meio cinza? Não apenas o céu, mas as coisas a seu redor, as relações com as pessoas, os resultados do que vc tanto procura?
Estou em um desses dias.
Teoricamente esta é a minha primeira semana realmente de férias, mas a lista de coisas para resolver é tão grande, que me sinto mais cobrada do que no meio do expediente de trabalho.
Tenho de tomar vacina anti-tetânica. Tenho de pagar algumas contas. Tenho de passar no Detran. Tenho de passar na lavanderia. Tenho de colocar umas bolsas para consertar. Tenho de procurar uma faxineira nova. Tenho de encontrar uma babá para Miguel. Tenho de conseguir dinheiro para começar a montar o quarto do meu filho. Tenho de fazer mil coisas. Tenho de. Um saco.
Obrigações são cinza. De um cinza turvo e sem graça.
Mas também estou me sentindo meio sozinha. Tudo bem, é carência passageira por conta de um encontro que provavelmente terá de ser adiado. Mas até que ponto essa história de casar, engravidar, ter vida a dois, virar mãe de família, não afeta a relação com amigos e amigas? De repente, senti falta do social. E não, PELO AMOR DE DEUS, não pensem que não estou feliz com a minha vida nova. Estou. MUITO. Não a trocaria por nenhuma outra. Mas lamento que as coisas mudem ao meu redor.
É engraçado como as parcerias de guerra funcionam. Você pode ser muito amiga de alguém, se os dois estiverem solteiros, indo junto às baladas e trocando confidências sobre os relacionamentos que, em geral, estão dando errado. Daí, um desses relacionamentos dá certo e adeus amigos. Prefiro não encontrar as explicações. Falta de afinidade? Problemas de aceitação das novas condições?
Enfim. Nessas horas, a vida fica cinza mesmo.
E com tantos hormônios, masculinos e femininos, recheando o meu corpo tá difícil ter pensamento lineares e escrever textos brilhantes. Talvez, como num artigo que acabei de ler sobre uma mãe que descobre o blog super animado da babá de seus filhos, eu esteja começando a ficar com medo de ter virado uma chata.
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