Influência do mundo?

Miguel brinca com a prima.

- Qual o seu nome? pergunta a ela na conversa de faz de conta que estão encenando.
- "Pude me esquecer", responde ele.
- O senhor é casado?
- Não. Minha mulher morreu. Ela montava uma bomba e a bomba explodiu.
- Nossa, o senhor é viúvo então. Tem filhos?
- Tenho. Mas foi preso e depois morreu.

Pára tudo. Sério que é o personagem inventado pelo meu filho de três anos tem tamanha história trágica no passado?! Não é à-toa que seu nome é "Pude me esquecer"...

Está na hora de rever o acesso a televisão e jornais aqui em casa.

Lógica contagem

Miguel contando:

- Um, dois, três (...), dez, onze, doze, dezetrês, dezequatro, dezecinco, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte...

Agora, vai explicar como é realmente.

Nova gramática

Em meio ao lado gaiato e o lado marrento do meu filho, ele inventa algumas modas. A mais recente é a de reduzir o nome das coisas para demonstrar intimidade.

"Pai, pega o meu velô?", para velotrol. "Mãe, me dá um yô?", para pedir iogurte. E assim por diante.

Mas, esta noite, ele se superou. Com febre, super manhoso, pediu água ao pai. Depois de bebê-la, Cristiano perguntou: "Não precisa me dizer nada, não?". Ele fingiu que não entendeu. Eu reforcei: "Amor, vc tem de agradecer ao papai..."

Ele vira para o pai, faz um carinho em seu rosto e dispara: "Bri..."