Eu estava morrendo de ansiedade para dar a primeira papinha ao Miguel. Porque alimentação é importante para mim, porque quero que ele tenha uma dieta saudável, porque sempre achei lindo aqueles bebês fazendo a maior lambança com a comida... enfim. Estava louca para que essa fase chegasse logo.
E ela chegou. Na última sexta-feira. Depois de um cronograma estipulado pelo pediatra, para adaptação ao leite em pó e gradual diminuição da amamentação no peito, chegou o dia em que eu daria a primeira papinha ao rapaz. Purê de batata simples, nada demais. E aí? Bom, quem já é mão bem sabe o que aconteceu. O pimpolho simplesmente não comeu. Deu um escândalo, fez um berreiro caprichado de menino esfomeado. E eu tive de fazer às pressas uma mamadeira para resolver a questão.
No dia seguinte, já munida de uma mamadeira reserva, com toda a paciência do mundo e rezando para tudo dar certo, nova tentativa. E novo escândalo. Já estava desanimada, achando que meu fofucho ia sobreviver à base de vitaminas de frutas, quando ontem, então, nós (eu, marido e a papinha) vencemos a questão.
Ele começou dando o escândalo de sempre. Biquinhos, berros, colher empurrada. Mas aí, como se tivesse enfim se dado conta de aquela coisa estranha na boca também matava a fome, ele começou a comer. Engolir, mastigar... e quando eu menos esperava, o guloso já estava puxando a colher da minha mão para que eu o alimentasse mais rápido. Daí em diante, só festa! Seguindo ordens médicas, eu deixei que ele “tomasse intimidade com a comida” – leia-se enfiar a mão no prato, passar na boca, no olho, segurar a colher, lamber a mamãe... De saldo da refeição ficou um bebê alimentado, purê de batata espalhado por locais de acesso inexplicáveis e uma mãe muito feliz...